sábado, 30 de junho de 2012

VENDE-SE A NATUREZA


Pessoal, a Rio+20 terminou e não correspondeu às expectativas dos defensores do meio ambiente, por isso vale a pena ler o texto de Frei Betto. Ele explica muito bem a lógica do capitalismo; aliás, uma lógica bem ilógica.

Às vésperas da Rio+20, é imprescindível denunciar a nova ofensiva do capitalismo neoliberal: a mercantilização da natureza. Já existe o mercado de carbono, estabelecido pelo Protocolo de Kyoto (1997). Ele determina que países desenvolvidos, principais poluidores, reduzam as emissões de gases de efeito estufa em 5,2%.

Reduzir o volume de veneno vomitado por aqueles países na atmosfera implica subtrair lucros. Assim, inventou-se o crédito de carbono. Uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivale a um crédito de carbono. O país rico ou suas empresas, ao ultrapassar o limite de poluição permitida, compra o crédito do país pobre ou de suas empresas que ainda não atingiram seus respectivos limites de emissão de CO2 e, assim, fica autorizado a emitir gases de efeito estufa. O valor dessa permissão deve ser inferior à multa que o país rico pagaria, caso ultrapassasse seu limite de emissão de CO2.

Surge agora nova proposta: a venda de serviços ambientais. Leia-se: apropriação e mercantilização das florestas tropicais, florestas plantadas (semeadas pelo ser humano) e ecossistemas. Devido à crise financeira que afeta os países desenvolvidos, o capital busca novas fontes de lucro. Ao capital industrial (produção) e ao capital financeiro (especulação), soma-se agora o capital natural (apropriação da natureza), também conhecido por economia verde.
A diferença dos serviços ambientais é que não são prestados por uma pessoa ou empresa; são ofertados, gratuitamente, pela natureza: água, alimentos, plantas medicinais, carbono (sua absorção e armazenamento), minérios, madeira etc. A proposta é dar um basta a essa gratuidade. Na lógica capitalista, o valor de troca de um bem está acima de seu valor de uso. Portanto, tais bens naturais devem ter preços.
Os consumidores dos bens da natureza passariam a pagar, não apenas pela administração da “manufatura” do produto (como pagamos pela água que sai da torneira em casa), mas pelo próprio bem. Ocorre que a natureza não tem conta bancária para receber o dinheiro pago pelos serviços que presta. Os defensores dessa proposta afirmam que, portanto, alguém ou alguma instituição deve receber o pagamento - o dono da floresta ou do ecossistema.
A proposta não leva em conta as comunidades que vivem nas florestas. Uma moradora da comunidade de Katobo, floresta da República Democrática do Congo, relata:
“Na floresta, coletamos lenha, cultivamos alimentos e comemos. A floresta fornece tudo, legumes, todo tipo de animal, e isso nos permite viver bem. Por isso que somos muito felizes com nossa floresta, porque nos permite conseguir tudo que precisamos. Quando ouvimos que a floresta poderia estar em perigo, isso nos preocupa, porque nunca poderíamos viver fora da floresta. E se alguém nos dissesse para abandonar a floresta, ficaríamos com muita raiva, porque não podemos imaginar uma vida que não seja dentro ou perto da floresta. Quando plantamos alimentos, temos comida, temos agricultura e também caça, e as mulheres pegam siri e peixe nos rios..."
(...)
Essa idéia, que soa como absurda, surgiu nos países industrializados do hemisfério Norte na década de 1970, quando houve a crise ambiental. Europa e EUA tomaram consciência de que os recursos naturais são limitados. A Terra não tem como ser ampliada. E está doente, contaminada e degradada.
Frente a isso, os ideólogos do capitalismo propuseram valorizar os recursos naturais para salvá-los. Calcularam o valor dos serviços ambientais entre US$ 16 e 54 trilhões (o PIB mundial, a soma de bens e serviços, totaliza atualmente US$ 62 trilhões). “Está na hora de reconhecer que a natureza é a maior empresa do mundo, trabalhando para beneficiar 100% da humanidade – e faz isso de graça”, afirmou Jean-Cristophe Vié, diretor do Programa de Espécies da IUCN, principal rede global pela conservação da natureza, financiada por governos, agências multilaterais e empresas multinacionais.
Em 1969, Garret Hardin publicou o artigo “A tragédia dos comuns” para justificar a necessidade de cercar a natureza, privatizá-la, e assim garantir sua preservação. Segundo o autor, o uso local e gratuito da natureza, como o faz uma tribo indígena, resulta em destruição (o que não corresponde à verdade). A única forma de preservá-la para o bem comum é torná-la administrável por quem possui competência – as grandes corporações empresariais. Eis a tese da economia verde.
Ora, sabemos como elas encaram a natureza: como mera produtora de ‘commodities’. Por isso, empresas estrangeiras compram, no Brasil, cada vez mais terras, o que significa uma desapropriação mercantil de nosso território.
Frei Betto 
REFLETINDO...
01. Você concorda com a tese da economia verde? Por quê?
02. Quais os perigos da desapropriação de áreas do território brasileiro?

A REFORMA ORTOGRÁFICA

A atividade abaixo é lúdica; é um jogo interessante sobre a reforma ortográfica, com as mudanças envolvendo o uso do hífen, a retirada do trema, o acento agudo em algumas palavras paroxítonas etc. Em seguida, se você clicar, terá acesso a reforma completa.
Aprenda se divertindo, basta um clic .....




sexta-feira, 29 de junho de 2012

INFORME-SE....


  •                                     O Museu da Língua Portuguesa 
  •  O Museu da Língua Portuguesa foi inaugurado em 20/03/2006, na capital paulista, numa parceria da Secretaria da Cultura de São Paulo e a Fundação Roberto Marinho. Apresenta, de forma criativa, toda a história da língua portuguesa, sua origem, heranças e influências. É um museu vivo localizado no antigo prédio da Estação da Luz,Centro - S.P.

Totens interativos

O museu é quase todo digital e possui os seguintes espaços:
* Auditório que apresenta um curta metragem sobre a importância das línguas na comunicação e no registro da história da humanidade;
* Árvore da língua;
* Praça da língua, cujo piso luminoso se apresenta repleto de excertos de poemas e outros textos de autores  importantes da nossa língua;
* Linha do tempo (na grande galeria) que apresenta toda a história da língua portuguesa, desde a gênese até os dias atuais na era digital;
* Mapa de falares que mostra, de forma interativa, os diversos falares no Brasil;
* Beco das palavras, onde, de modo interativo, os visitantes podem brincar construindo e reconstruindo as palavras da nossa língua;
* Palavras cruzadas com oito (08) totens multimídia interativos. Cada um representa uma língua que formou ou influenciou o português do Brasil. É maravilhoso, pois os visitantes podem interagir com os totens para descobrir a etimologia das palavras.
Espaço específico para exposições temporárias de grandes autores da nossa língua.  Lembro-me que, em 2006, quando visitei o museu pela primeira vez, vi, maravilhada, a exposição de Grandes Sertões Veredas do grande escritor Guimarães Rosa. Neste mês de junho, está em exposição a literatura de Jorge Amado.

Ao visitar a capital paulista, vale a pena visitar o museu.
               Estação da Luz
www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/o-que-visitar/186-estacao-da-luz


  Para maiores informações sobre o museu, acesse:
                                  http://www.poiesis.org.br/mlp/index.php



quarta-feira, 27 de junho de 2012

Os ombros suportam o mundo

                                                      Os ombros suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 2000, p.137-138.

É possível estabelecer diálogo entre o poema de Drummond e a pintura O Grito? Justifique.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Interpretação de textos imagéticos

                          O Grito
     
AutorEdvard Munch
Data1893
Fontehttp://pt.wikipedia.org/wiki/O_Grito_(Edvard_Munch) 




CLIENTELA: estudantes do 3º ano do ensino médio.
DISCIPLINA : Língua Portuguesa
CARGA HORÁRIA: 05 HORAS-AULA (250 minutos)
TEMÁTICA: Estudo de textos imagéticos com temática subjetiva.

JUSTIFICATIVA
Sabe-se que a competência leitora e escritora são exigências dessa pós-modernidade, denominadas por Bernardo Toro como um dos códigos da modernidade. Assim, as demandas atuais, de certa forma, excluem os indivíduos que não leem nem escrevem de modo satisfatório, que não interpretam, não analisam, não possuem senso crítico. É uma tarefa de todo professor, em especial de língua portuguesa, desenvolver estratégias de leitura para que os estudantes avancem da compreensão para a interpretação e análise. Vale ressaltar que as estratégias devem apontar para a leitura de textos de tipologias  e gêneros diversos e os textos imagéticos não podem ficar relegados. Numa sociedade tipicamente visual, interpretar imagens é fundamental; é apurar a habilidade de olhar e realmente ver, através da captação de detalhes.
OBJETIVO GERAL
Interpretar textos imagéticos cujas temáticas sejam subjetivas e atuais.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
  •  Despertar o prazer e a curiosidade pela leitura de textos imagéticos;
  • Identificar os elementos que norteiam a interpretação de textos imagéticos;
  • Desmistificar a ideia de que textos constituem apenas sequências de palavras;
  • Promover uma aprendizagem significativa através  de pesquisas de textos imagéticos subjetivos, em sites na Internet e outras fontes (noticiários, jornais e revistas,) orientada pelo professor, como também pelos estudantes;
  • Estabelecer diálogo (intertextualidade)  entre o texto imagético de referência e outros textos em prosa e verso de diferentes tipologias e gêneros ;
  • Estabelecer diálogo entre textos imagéticos e mistos  (intertextualidade) em diferentes mídias impressas;
  • Produzir comentários escritos acerca dos textos imagéticos, como tema e aspectos mais relevantes.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
1º. momento:
Planejamento prévio da dinâmica das aulas previstas para se trabalhar o conteúdo, bem como dos recursos a serem utilizados, tendo em vista que os textos imagéticos  serão trabalhados no data show (Power point) e na TV pendrive.
2º. momento (30 minutos)
Sensibilização dos alunos para o trabalho. Colocação de algumas imagens como: as esculturas O Pensador e O Beijo (August Rodin), a pintura A Monalisa (Leonardo da Vinci), uma fotografia de uma favela do Rio de Janeiro. Após  a observação das imagens, os alunos escolherão uma palavra ou pequena frase que expresse  o sentimento evocado pelas imagens.
Em seguida, serão feitas as seguintes perguntas para análise conjunta.
01)   As imagens são textos? Por quê?
02)   Que elementos presentes na imagem chamam a atenção?
03)   Qual o tema de cada imagem?


3º. momento (70 minutos)
  1. Apresentação no data show da pintura O Grito de Edward Munch, com breve biografia do autor, seguida da observação, com a participação dos estudantes, dos aspectos  presentes na tela, como cores, primazia da noite, da escuridão sobre a claridade e o dia; expressão facial e corporal, ambiente, local etc.
  2. À medida que os aspectos forem levantados, serão anotados,  organizados e, posteriormente,  a identificação da temática.
  3.  Associação com o título da obra: O grito. Nesse momento, será importante o aprofundamento da subjetividade, dos elementos emocionais e contextualização com a realidade circundante.
  4. Extrapolação com as exigências da vida que escravizam o ser humano e o aprisionam, provocando angústia e um “grito preso que precisa ser liberado.” A extrapolação é condição fundamental para que os alunos se sintam parte do contexto e reflitam sobre sua realidade de vida.
  5. Distribuição de material didático preparado pela professora com os pressupostos para interpretação de textos imagéticos e alguns exercícios com textos mistos (tirinhas e cartum) e gráficos (artigo científico e o poema Os ombros suportam o mundo de Carlos Drummond de Andrade) que dialogam com o texto referência: a pintura O Grito. Esse diálogo visa   estabelecer a intertextualidade.
  6.  Como o tempo em sala não é suficiente, as atividades restantes serão feitas em casa para análise na aula seguinte. Para cada interpretação, deverá ser feita a produção de um pequeno comentário.
  7. Outra tarefa importante também será delegada aos estudantes para a próxima aula: a  pesquisa de outros textos imagéticos de temática subjetiva para a apresentação na TV pendrive ou no data show. Ênfase na importância de se colocar as fontes de referências segundo ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas.
4º. momento (50 minutos)
  1.  Leitura de alguns comentários dos estudantes com as interpretações;
  2. Comentários da professora sobre as interpretações dos alunos.
  3. Reescrita em casa das produções com base na avaliação da professora.
5º momento (100 minutos)
  1. Apresentação dos alunos na TV pendrive e no computador (power point) da tarefa solicitada pela professora.
  2. Comentário  das interpretações e complementação  quando necessário, pela professora.

RECURSOS UTILIZADOS
  • Internet;
  • Data Show;
  • Mídias impressas (jornais, revistas, livros, material didático elaborado pela professora e distribuído aos alunos);
  • TV Pendrive;
  • CD Player;
  • Quadro branco e pincel ou quadro de giz e giz.
AVALIAÇÃO
Vale ressaltar que a avaliação se dará  no decorrer de todo o processo, com ênfase na participação, questionamentos e realização das tarefas com as explicações através das análises dos textos e também da produção escrita. Será atribuído o valor de um (1,0) ponto para a apresentação de um texto imagético (5º momento).
Assim, a avaliação contemplará os seguintes marcos da aprendizagem: oralidade, leitura, estudo de texto, produção escrita e participação efetiva em sala.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso . in: Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
______________Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
ERNANI & NICOLA. Práticas de linguagem : leitura e produção de textos: ensino médio. São Paulo: Scipione, 2001.
GOMBRICH, Ernst H.  A história da Arte. 15ª Ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989.
OLIVEIRA, Clenir Bellezi de. Arte literária: Portugal – Brasil. São Paulo: Moderna, 1999.





sábado, 23 de junho de 2012

Pessoal, este blog tem a finalidade de discutir e analisar fatos importantes dessa modernidade que afetam a população brasileira e mundial, como por exemplo: Rio+20, a Greve dos Professores da rede pública do Estado da Bahia, o Novo Código Florestal Brasileiro... A proposta é aprimorar a competência leitora e escritora, afinal o conhecimento é "TIJOLO" de uma imensa construção... Vivemos uma nova ordem mundial em que é necessário equilibrar crescimento socioeconômico à preservação ambiental. Desse modo, faz-se necessário rever a concepção de progresso, uma vez que este sempre esteve atrelado ao ideal de lucro desenfreado.Lucro este pertencente a uma elite que não mede esforços para continuar lucrando, mesmo que o preço a ser pago seja o "saqueamento" indiscriminado do planeta. O planeta Terra é uma imensa TEIA formada por um TRANÇADO cujos FIOS se entrelaçam em harmonia; esses fios são as florestas, os mares,os lagos, os rios, todos com suas ricas fauna e flora e, é claro, o HOMEM. No entanto, este vem se comportando, como um ser que não pertence a esse tecido, quebrando essa harmonia e desequilibrando ecossistemas. Percebe-se, assim, uma "queda de braço", um embate entre os indivíduos que detém o capital de forma irresponsável e os ambientalistas.Nessa luta pela preservação da natureza, nasceu o Protocolo de Kyoto, Rio 92 ou Eco Rio, as Conferências em Copenhague e, neste mês de junho de 2012, as conferências de RIO+20. Vamos aproveitar e analisar os avanços e retrocessos do evento Rio+20?